1 – O excesso de imagens empobrece a inteligência. 2 – Quem lê pouco, pouco tem a transmitir. 3 – Os pais devem ler e incentivar a leitura de seus filhos. 4 – Argumentos para incentivar a leitura. 5 – Expressar o pensamento pela escrita

1 – O excesso de imagens empobrece a inteligência

    Com a leitura aumentamos a preparação intelectual, porque ela incide diretamente sobre a inteligência e faz aumentar o nível e o alcance do pensamento. Quando esclarecida pelos bons livros, a inteligência extasia-se com o bem e a verdade. A leitura, além de excelente modo de descansar e de aproveitar o tempo, aumenta a cultura humanística, melhora a forma de expressar o pensamento escrito e oral, enriquece o vocabulário e nos faz ganhar com a experiência do outro (“escarmentar em cabeça alheia”, diz o ditado).

     Hoje, muitos afogam a inteligência com imagens, notícias, videogames, programas fúteis de televisão, etc. As milhares de imagens e informações dão a ilusão de que se conhece tudo, mas a mente não processa nem relaciona tanta informação desencontrada, e tão pouco os sentimentos reagem diante do que veem, e o resultado é um mundo interior pobre, com a espessura da tela que, ao ser apagada, apaga também a mente de seu espectador, que  perde a capacidade de reflexão e de sentir. Não se trata de demonizar as telas porque são muito úteis, desde que utilizadas para uma cultura programada.

2 – Quem lê pouco, pouco tem a transmitir

     Quem não lê biografias, artigos, ensaios, história, livros sobre família e educação dos filhos, romances, contos, não saberá dar respostas a si e a quem necessita (filhos, parentes, amigos, colegas) sobre questões como namoro, arte e sua importância para o espírito humano, sexualidade, família, casamento, amizade, religião, atitudes éticas, drogas… Certa mãe, encharcada de TV e com pouca leitura, respondeu à filha que foi buscar orientação para um problema com o marido: − “Você quis casar, agora aguente!”. Se essa mãe aproveitasse seu tempo com boas leituras saberia de sua missão e diria algo como: – “Filha, compreendo a situação, mas é necessário o seu sacrifício para reconquistar seu marido e ser fiel à palavra dada a Deus, e para o bem dos seus filhos”.

     Os grandes gênios da arte literária aprofundam a nossa formação, pois acertaram no modo de contar os dramas do coração do homem de todos os tempos: o amor e o ódio, a alegria e a dor, a covardia e a coragem, a fidelidade e a traição… Os valores retratados na Odisseia de Homero (VIII a.C.) são perenes na conduta humana: fidelidade, coragem, prudência…

3 – Os pais devem ler e incentivar a leitura de seus filhos

     Muitos pais não sabem como motivar seus filhos adolescentes a lerem os bons livros de literatura, e reclamam do tempo que seus rebentos perdem nas telas digitais. Razões não faltam para que se entristeçam com tal situação, mas o culpado são eles mesmos, pais, porque não incentivaram a leitura dos filhos quando estes ainda eram pequenos, já que esse hábito é iniciado com contos e histórias lidas para as crianças. Agora, para entusiasmar os adolescentes a descobrirem o prazer e a importância da leitura, será necessário que os pais meditem em argumentos convincentes (a seguir daremos alguns) para transmitir a eles. Outra dica é aguardar até o dia em que a garota ou o garoto esteja bem-humorado e predisposto para um bom papo, pois esta será a melhor ocasião de abordar o tema do hábito da leitura (o local para o esse diálogo é importante: uma agradável caminhada no parque ou tomando um gelado na sorveteria). Nesse momento trate a filha ou o filho como uma pessoa madura, a fim de que ele se sinta valorizado. Aproveite e seja sincero ao dizer que você − pai ou mãe – também está procurando dedicar mais tempo à leitura e menos às telas digitais.

4 – Argumentos para incentivar a leitura

     Seguem alguns argumentos que podem motivar o hábito de leitura:

  • “Sem a arte narrativa – e aí se enquadra o cinema – o ser humano teria que contar tão só com suas próprias experiências, o que significa que se veria obrigado a aprender tudo desde o princípio. Sem conhecer a Odisseia, o homem não saberia nada da fidelidade de Penélope; sem Shakespeare ignoraria as dúvidas de Hamlet, o amor de Romeu por Julieta. Sem Dom Quixote, teríamos que descobrir por conta própria a diferença entre ver o mundo como é e vê-lo como deveria ser” (Krzysztof Zanussi, filósofo e cineasta polonês).
  • Ao sair do plano cotidiano e imergir na trama de outras vidas, os enredos literários provocam o imaginário do leitor e permitem discernir o caráter benéfico ou maléfico de certas atitudes, transformando a experiência da leitura em vivência pessoal.
  • As grandes obras da literatura universal proporcionam um profundo conhecimento da alma humana. Já foi dito que a literatura é como um espelho que o homem levanta diante de si para ajudá-lo a conhecer-se melhor.
  • Aprender a ler é aprender a viver, porque na leitura encontramos respostas para os grandes interrogantes do homem e da sociedade, sem nos conformarmos com uma visão superficial da vida. A boa leitura nos livra de preconceitos infundados que se valem da nossa ignorância ou desconhecimento da realidade.
  • As leituras condicionam o modo de pensar, e este determina a forma de viver. Eleger bons livros não é ato moralmente indiferente. A pessoa prudente busca informações sobre o que ler.
  • Sendo curto o tempo que a vida moderna dispõe para a leitura, não vale a pena gastá-lo com obras que desfiguram a verdade e que influenciarão o modo de agir. Há excelentes livros ou textos que convém ler: biografias, ensaios, artigos, contos, amor conjugal, educação comportamental dos filhos, romances, história, etc. Revistas de novelas ou gibis podem servir para descansar em momentos particulares da vida, mas restringir as leituras apenas a isso revelaria superficialidade, frivolidade e triste perda de tempo.
  • Um bom livro não atua sozinho: o leitor dialoga com o autor e os personagens e cria com eles certa forma de amizade.
  • A leitura por vezes pode não causar prazer ao exigir esforço e fadiga, que devem ser enfrentados como quem busca metas altas sem ceder à comodidade ou preguiça.
  • Ler e reler os autores favoritos é um grande modo de penetrar mais a fundo no argumento das histórias, pois os bons autores sempre têm uma mensagem profunda a transmitir (ajudar as crianças a descobrir esse argumento).
  • Trazer sempre consigo um livro é o modo de aproveitar uns minutos aqui e outros ali para folheá-lo, seja no metrô, ônibus, fila ou sala de espera, mesmo que sejam poucas páginas por vez. Quem não tem um livro à mão nunca encontra tempo para ler. Para muitas famílias ler após o jantar é um ritual maravilhoso.
  • A leitura prende-se no espírito e desperta a atenção que se deve dar às palavras, e estas instigam a imaginação com boas ideias; o mesmo não ocorre a quem se põe passivamente diante da sucessão de imagens desencontradas das telas, pois o cérebro abandona o esforço por dar sentido a elas, e a pessoa esquece tudo o que viu nos dias sucessivos. Quem não lê não se renova e tende a ser repetitivo em suas falas.

5 – Expressar o pensamento pela escrita

     A vida moderna obriga a expressar o pensamento por meio da escrita, seja no trabalho, na escola ou na vida social. O hábito de ler  desperta o espírito de quem escreve para as armadilhas que por vezes as palavras conduzem: patético não é pateta, mas comovente, pois vem de pathos ou sentimentos em latim. Ao expressar um sentimento, saiba com exatidão o significado de angústia. Acintoso é termo por vezes mal empregado. Ou seja: não “chutar” o sentido de uma palavra, mas ganhar o hábito de consultar o dicionário sempre que necessário (essa tarefa hoje é facilitada pela internet). Tenha sempre presente que as palavras não devem ser utilizadas para impressionar, porque isso se chama pedantismo.

     Para escrever bem, Paul Johnson sugeria a leitura de poesias, mesmo para aqueles que não apreciam essa arte, pois ela gira em torno do uso elegante da palavra. O poeta é ultra econômico em seus textos e ao buscar o termo exato foge de gorduras ou excesso de palavras. São eles, os poetas, aqueles que maior atenção dão às palavras, mais do que qualquer outra categoria de escritor, sejam jornalistas, ensaístas, ficcionistas. Dizia o português Rodrigues Lapa que para o poeta a palavra tem cheiro, sabor e textura.

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Texto produzido por Ari Esteves (www.ariesteves.com.br).

O Autor

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