1 – A falta de incentivo familiar para a leitura. 2 – As crianças gostam de ouvir histórias. 3 – Vantagens da leitura. 4 – As telas empobrecem a mente. 5 – Promover uma rica cultura familiar

1 – A falta de incentivo familiar para a leitura

   Quando um adolescente afirma que não gosta de ler, não se pode atribuir a culpa à escola, mas à falta de incentivo familiar. Logicamente a liberdade pessoal sempre estará presente nas decisões pessoais, e mesmo sendo os pais bons leitores, poderá um filho não apreciar a leitura. Porém, constata-se na maioria dos casos que a falta de estímulo pelos livros vem do desinteresse dos pais, que não leem e não souberam promover a leitura.

     Causa pesar constatar que muitos pais e mães mal percebem que desaproveitaram a ocasião de ler para os filhos, quando estes eram pequenos, pois teria sido um modo magnífico de criar neles o interesse pelos livros, e não pelas preguiçosas telas digitais.

     Ao serem privados de descobrir o prazer de fixar a atenção na narração de histórias lidas ou ouvidas, ao chegar à adolescência encharcados de imagens, os filhos logo se entediam com os textos e se tornam arredios a eles, pois se acostumaram com o pouco esforço mental que as telas exigem. Com isso, não descobrem que a leitura é em si mesma um universo, que os livros falam conosco como bons amigos, que alimentam criativamente a imaginação ao torná-la mais rica que as telas digitais, e que fomentam a capacidade de concentração e o gosto pelo estudo.

2 – As crianças gostam de ouvir histórias

     Faz parte da natureza humana ouvir histórias e penetrar em mundos desconhecidos. Os tradicionais contos infantis arrebatam as crianças, que pedem incansavelmente para que releiam suas histórias preferidas, e aguardam ansiosamente a hora em que os pais ou um irmão façam isso para elas. Quando fisgadas, sonham um dia ler por conta própria, pois percebem que é a chave para viajarem com a imaginação. Para a criança, a leitura é um jogo entre ela, a mãe ou pai e o conto, sendo o adulto a voz das histórias e a mão que a conduz para dentro da narrativa. Os pais devem ser pacientes e repetir esse jogo dia após dia, reservando um tempo exclusivo para isso. Grandes escritores relatam que desde pequenos foram insaciáveis “devoradores” de livros. É através dos personagens dos contos que as crianças começam a compreender que existe o bem e o mal; que devem amar o bem e odiar o mal.

     Para afastar o feitiço das telas digitais deve-se aumentar a satisfação de ler. Para isso, é necessário encontrar um tipo de leitura que agrade, e de acordo com a idade dos filhos: contos, dramas, romances, suspense, aventuras, comédias, fantasias, biográficas, livros históricos, entre tantos outros gêneros e estilos. A emoção da leitura tem a ver com o texto e o contexto, e com o modo do escritor se relacionar com o leitor, seja pelo seu modo de dizer ou pelas metáforas e imagens que utiliza.

3 – Vantagens da leitura

     Deveria ser desnecessário listar os benefícios infinitos da leitura, que é uma forma profunda de conhecimento, mas torna-se necessário mencionar alguns para que não passem despercebidos pelos pais. A literatura além de iluminar a inteligência ao dar a ela riqueza léxica e capacidade de argumentar e expressar pensamentos e sentimentos de forma rica, é também um laboratório que ensina coisas insubstituíveis para a vida: a maneira de compreender a si e as pessoas, os valores que valem a pena conquistar, o significado do amor verdadeiro, a experiência alheia que se pode colher, permite distinguir muitos valores, como o da amizade verdadeira da falsa (para isso basta ler Pinóquio, de Carlos Collodi).

     A leitura promove um grande acontecimento na vida da criança: a faz descobrir o que cada coisa é, que nome e significado possui, e isso a permite ganhar conceitos para se expressar. Ao se aproximar da palavra, a criança percebe nela há um mistério que provoca sentimentos.

     A leitura é íntima, e mantém um diálogo interior ao buscar na alma os conceitos das palavras para manejá-los por meio da memória, imaginação e inteligência, o que permite a reflexão, que é outro mecanismo linguístico da inteligência para analisar situações e sentimentos, e isso só é possível mediante a palavra.

     Porém, o vício de permanecer frente as telas digitais vendo discorrer diante dos olhos excessivas imagens, que mal podem ser processadas, impede o senso crítico e a capacidade de tirar consequências. A literatura vai além do conhecimento. Hannah Arendt estabelece uma distinção entre conhecimento e pensamento: conhecimento é fácil, diz ela, sendo o que aprendemos com a técnica, a ciência e o método. Já o pensamento é a capacidade da pessoa refletir sobre si (cair em si), pois se o homem perde a capacidade de pensar acaba sem distinguir entre o bem e o mal.

4 – As telas empobrecem a mente

     Hoje, os audiovisuais podem ser considerados os adversários principais da leitura, pois fascinam a criança: são agradáveis e não exigem esforço mental para se postar passivamente diante de uma tela e assistir a uma enxurrada de imagens prontas.
     Quando os pais ofertam ao filho um celular ou tablete, a fim de que fique em casa e fujam dos perigos da rua, mal percebem que tal atitude cômoda gera na criança vícios, atitudes de preguiça ou comodidade, tornando-a passiva e indiferente às pessoas e às realidades que a cercam. E ao retornar ao mundo real sente-se entediada dele.
     Se por um lado o excesso de imagens faz adormecer a inteligência, por outro instiga as paixões e leva o adolescente a não se questionar se é certo ou errado moralmente − tarefa essa da inteligência ou consciência prática − ver cenas pornográficas, debilitando, com isso, sua vontade para decidir de modo contrário. A inteligência necessita de valores para pensar bem, e estes são facilmente aprendidos na leitura e releitura de bons livros.

5 – Promover uma rica cultura familiar

     É tarefa dos pais promover um sadio ambiente cultural na família, a fim de ampliar a sensibilidade de todos para as diferentes formas de beleza. Uma criança que desde sua casa ouve os “pancadões” com músicas e letras de péssimo gosto, que chega da rua aos seus ouvidos nos fins de semana, não saberá da existência de gêneros musicais mais ricos se os pais não os apresentar a ela, seja por vídeos ou participando ao vivo de boas apresentações.
     Não é preciso ter poder aquisitivo para fomentar um excelente ambiente cultural na família, mas possuir sensibilidade, bom gosto e capacidade de avaliar o que é bom a fim de programar vídeos, leituras, visitas a museus e exposições (cerâmica, pintura, artesanatos, escultura), apresentações musicais de diferentes gêneros em polos culturais gratuitos da cidade… Os grandes museus da Europa possuem sites, sendo possível viajar dentro deles, e no YouTube basta localizar shows musicais de alto nível estético, seja do gênero popular ou clássico para crianças.

     Sempre é tempo de recomeçar, caso os pais tenham perdido o tempo oportuno de promover a leitura em família. Para isso, devem explicar aos filhos sobre a importância desse hábito, e que pretendem corrigir-se e se tornar bons leitores. Depois, informar que deixarão de ficar grudados na tv e outras telas para aproveitar esses espaços com bons livros. Entusiasmar os filhos para organizarem juntos uma biblioteca familiar, informando-se com amigos de critério e bom gosto sobre as excelentes obras literárias. Introduzir nos passeios familiares visitas a livrarias, sebos, feiras de livros, locais de contação de histórias ou de leitura de poesias; e programar vídeos com esses conteúdos. Veja a lista de livros de literatura infanto-juvenil para sugerir ao seu filho: www.ariesteves.com.br/livros

Texto produzido por Ari Esteves para o site www.ariesteves.com.br.

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