Reunidos em atividade (1) que visou a educação comportamental dos filhos, centenas de pais e mães deram as seguintes respostas às quatro questões a seguir:

1) Filhos que reagem com violência diante de mal-entendidos

  • O predomínio da afetividade (sentimentos, emoções e paixões) sobre a vontade e a inteligência, e a baixa tolerância à frustração e o fracasso, tornam imaturos os filhos, que respondem encolerizados e agem sem pensar diante dos conflitos.
  • Manter atenção, interesse e respeito ao que o filho diz, ao explicar um conflito, mesmo que não concorde com ele. Perguntar sobre o que aconteceu, como se sentiu. Se possível, ouvir as partes envolvidas e pedir esclarecimentos para ajudar identificar o mal-entendido.
  • Explicar-lhes o que é o autocontrole ou educação da afetividade, a fim de que a vontade, iluminada pela inteligência, conduza as ações sem se deixar dominar por sentimentos desregulados. Autocontrole é o domínio da vontade sobre as demais funções psíquicas e comportamentais. Para isso, é preciso fortalecer a vontade deles exigindo que cumpram habitualmente seus deveres, e não se deixem levar apenas por atividades prazerosas.
  • Ensinar-lhes a comunicação não violenta, que faz a agir e não reagir precipitadamente diante dos fatos. Consegue-se isso ao colocar-se na situação do outro, não julgar suas intenções (poderá ter agido por ignorância ou fraqueza); manter o foco no problema e não na pessoa. Trata-se de ver os conflitos como oportunidades de aprendizagem mútua.
  • Ser exemplo para os filhos ao manter a serenidade nos contratempos familiares, pois os eles aprendem mais ao ver os pais agirem racionalmente diante de mal-entendidos na família, no trânsito, no trabalho, nas relações de vizinhança; pais que nunca fazem mexericos nem criticam ninguém, sejam parentes, colegas de trabalho ou vizinhos.

2) Como incentivar a autonomia dos filhos

  • Dar oportunidades para que os filhos exerçam sua independência, por exemplo, assumindo responsabilidades diárias no lar. Evitar a superproteção, que os impede de enfrentar desafios e lidar com frustrações e “nãos”. A superproteção faz a criança perder a confiança em si mesma, e vive a perguntar a opinião dos pais por medo exagerado de errar ou decidir sozinha.
  • Orientar e acompanhar à distância as tarefas, mas não fazer pela criança, a fim de que ganhe confiança em si mesma e aprenda a assumir as consequências de suas ações, não atribuindo suas falhas aos demais. Ter paciência e estimular a repetir as ações para aprender a fazê-las bem. Descontrair a criança ansiosa ao fazê-la ver que as tentativas fazem parte do aprendizado; reforçar a ideia de que o erro não é um fracasso, mas uma oportunidade para melhorar. Depois, reconhecer o esforço e elogiar, mesmo que a tarefa não ficou perfeita.
  • Encorajar a resolução dos problemas e não intervir sem substituir: intervir é dar dicas e mostrar como se faz e deixar que a criança tente sozinha; substituir é fazer por ela. Dar responsabilidades e encorajar a fazê-las, dando espaço para que faça sozinha, mesmo que erre, pois isso faz parte do aprendizado.
  • Passar valores ou modelos de conduta para que assumam por vontade própria. Fazer compreender que não se pode ter tudo o que se quer, sendo preciso aprender a esperar. Não controlar excessivamente os horários e deveres dos filhos, nem falar por eles ao entrar numa loja para comprar uma roupa ou fazer um pedido na lanchonete: deixar que eles mesmos peçam as coisas. Manter os filhos curtos de dinheiro para que aprenda a usá-lo.

3) Mau uso das redes sociais e internet

  • Conquistar a confiança do filho para crescer na amizade com ele. Manter comunicação aberta para aprender a conversar na linguagem dele, e se interessar pelo que gosta, quem admira, como interage nas redes. Participar como aliado e não como inimigo. Depois, examinar com calma esses interesses para desenvolver neles o pensamento crítico ao alertar sobre o que é positivo e negativo naquilo que consome. Aproveitar os conteúdos positivos para ter conversas significativas, presenciais. Refletir juntos sobre valores ou modelos de conduta, interesses por temas técnicos, artísticos e culturais: –“Que acha desse assunto?”; –“Que perigo você vê em tal programa?”. Trocar informações interessantes.
  • Fomentar a virtude da temperança ou autodomínio para que cresça em força de vontade e não se deixe dominar pela curiosidade frívola e gosto pelo fútil, ocasionando grandes perdas de tempo. Dar encargos no lar para que aprenda a deixar de lado o celular e passe a cumprir suas responsabilidades.
  • Como pais, dar exemplo ao se policiar para não consultar as redes sociais fora de hora (refeições, bate-papos familiares, passeios…). Estabelecer acordos prévios com o filho para que todos tenham limites definidos de tempo e de uso, a fim de não entrarem em sites de jogos, frívolos ou arriscados moralmente. Ninguém deve se isolar com telas digitais: transparência para saber o que todos veem na internet. Ressaltar a importância de valorizar a privacidade nas redes, pois seria uma pueril falta de pudor e enorme imprudência apregoar a intimidade do corpo, da consciência e da família na internet, com graves e permanentes consequência àqueles que se expõem a isso (abordar casos reais).

4) Respostas agressivas dos filhos: o que há por trás?

  • Ao ouvir algo agressivo por parte de um filho, não responda da mesma maneira: aja e não reaja. Mantenha equilíbrio, respire fundo e conte até dez. Se ele estiver exaltado, não ponha mais lenha na fogueira ao não revidar na mesma moeda, e espere para responder em outro momento. Focar no assunto central e não na pessoa. Falar com modos, mas exigir respeito à autoridade dos pais, que são os responsáveis pelo lar: filho não manda na casa, mas obedece (ouvir a opinião dele, mas quem decide são os pais).
  • O filho que diz sem pensar o que lhe vem à cabeça revela imaturidade, imprudência e grosseria, e causará muitos problemas de convivência por onde andar. Fomentar nele as virtudes contrárias: prudência, ponderação, equilíbrio, respeito aos demais, empatia, virtudes da convivência. Ensinar que a comunicação não violenta é necessária para pensar e agir com prudência, pois uma mente exaltada toma decisões erradas.
  • Dar exemplo ao filho ao ouvir e responder a ele com empatia, controlando o tom de voz: em vez de contra-atacar, dizer: -“Você parece pressionado. Precisa de ajuda?”. Tentar compreender não é justificar a agressividade, mas identificar o que há por trás dela, antes de tomar uma decisão ou medida disciplinar.
  • As fortes emoções podem apontar para necessidades mais profundas. Mantenha o foco na necessidade e não nas palavras, que podem ser rudes porque o filho carece de autocontrole, mas se vê necessitado de apoio, segurança e compreensão. Tentar entender o que está acontecendo com ele, pois poderá haver algo de verdade ou necessidade não atendida por trás de falas agressivas do tipo: –“Você nunca me ouve!” (precisa de atenção e validação). –“Vocês são uns egoístas!” (pais que andam sempre metidos em seus interesses). – “Chega de tanta cobrança” (precisa de espaço e alívio de stress). –“Não complique tudo!” (pais sempre fazendo críticas e alertas desnecessários). – “Me deixa em paz!” (deseja mais espaço, autonomia). – “Não falem mais!” (anseia por tranquilidade para apaziguar emoções descontroladas).

Inscreva-se com nome e e-mail e receba gratuita e semanalmente nosso Boletim Pedagogia do Comportamento: curto e fácil de ler. Temas: educação comportamental, cultura, virtudes humanas…

O Autor

Gostou deste Boletim?

Se puder contribuir com nosso trabalho, envie sua contribuição para o PIX: 

ariesteves.pedagogo@gmail.com