1 – Ensinar a compreender e ajudar aos que sofrem. 2 – A solidariedade é causa de alegria. 3 – Ações solidárias começam na família. 4 – Promover ações solidárias no entorno social

1 – Ensinar a compreender e ajudar aos que sofrem

    Na encíclica “Fratelli tutti” (todos irmãos), o Papa Francisco lembra a passagem evangélica do Bom Samaritano, e diz: “existem simplesmente dois tipos de pessoas: aquelas que cuidam do sofrimento e aquelas que passam ao largo; aquelas que se debruçam sobre o caído e o reconhecem necessitado de ajuda e aquelas que olham distraídas e aceleram o passo. De fato, caem as nossas múltiplas máscaras, os nossos rótulos e os nossos disfarces: é a hora da verdade. Debruçamo-nos para tocar e cuidar das feridas dos outros? Abaixamo-nos para levar às costas o outro? Este é o desafio atual, de que não devemos ter medo” (FT, 70).

    A solidariedade é a capacidade de compreender o sofrimento dos demais, e faz agir para minimizar essas dores ou dificuldades. Há comportamentos que revelam solidariedade ao dar o próprio tempo aos demais. Quando os filhos abandonam hábitos egoístas (meu tempo, meus jogos, minhas coisas, meus planos, meu esporte, meu, meu, meu…) e aprendem a colaborar, serão mais felizes.

    Os pais devem mostrar satisfação ao observar que o filho teve uma atitude compreensiva em relação a outra pessoa, como também devem manifestar desaprovação se ele foi insensível. Se um filho se concentra apenas em assuntos pessoais e não se envolve em tarefas que não revertam em vantagens apenas para si, seja no lar ou fora dele, nunca aprenderá a trabalhar bem, pois o trabalho é sempre um serviço prestado aos outros e não um modo de ser servido.

2 – A solidariedade é causa de alegria

    A generosidade é virtude que torna feliz a pessoa; o egoísmo é vício causador de tristeza. A solidariedade, fruto da virtude da generosidade, torna magnânimo o coração e dá aos que a possuem a alegria do amor, que sempre exige sair de si para doar-se aos demais. Os filhos que percebem as necessidades dos outros, tanto na vida familiar quanto na social, aprendem a não reclamar das pequenas carências ou incomodidades, e sabem reconhecer e agradecer o esforço dos pais para levar adiante o lar.

    Muitas pessoas só vivem para satisfazer seus caprichos e prazeres, e por isso sofrem inutilmente ao ver frustrado o desejo de ter algum bem supérfluo! Um coração não solidário é fortemente atraído pela publicidade digital que a cada cinco minutos, e de forma atraente à sensibilidade, faz inúmeras ofertas tidas como “indispensáveis” para a vida. Educar o coração para a solidariedade é ter um modo de vida sóbrio, desprendido, e pensar nos demais. Os pais devem ensinar desde cedo as crianças a fugirem do assédio consumista, dos modismos e grifes.

3 – Ações solidárias começam na família

    Não deve ser necessário à mãe pedir ao adolescente para limpar o quintal, recolher a sujeira que o cachorro deixou ou manter em ordem o quarto e objetos pessoais. Um filho sensível, consciente de suas obrigações − porque lhe foi ensinado desde criança a ser solidário − faz tudo isso sem que lhe peçam, pois se sente movido pelo amor que deve se manifestar primeiramente em obras de serviço aos seus pais e irmãos. Porém, como nem sempre essa sensibilidade está à flor da pele, é necessário que os pais incentivem os filhos, desde pequenos, a empreenderem ações de serviço dentro da família: manter suas roupas e brinquedos em ordem, dispor a mesa para as refeições, cuidar de um irmão enfermo ou ajudá-lo nas disciplinas escolares, levar o lixo para fora, fazer compras, limpar a casa… Muitas mães postaram no Youtube diversos serviços domésticos que podem ser atribuídos aos filhos, nas diferentes faixas etárias (confira em www.ariesteves.com.br/tarefas-para-criancas/). Essas tarefas ajudarão a incutir nas crianças o espírito de serviço e de prontidão, que as tornará solidárias e participantes na construção de um lar alegre, limpo, ordenado, onde todos contribuem par isso. Filhos sem tarefas familiares se sentem meros hospedes com a falsa ideia de serem sujeitos apenas de direitos e não de obrigações, o que os torna senhores feudais tendo servos os pais.

4 – Promover ações solidárias no entorno social

    A sociedade atual, sacudida e desagregada por tensões e conflitos, e por inúmeros individualismos e egoísmos, pode ser modificada se os filhos crescerem não só no sentido de justiça, mas no de amor e solicitude desinteressada pelos demais, especialmente pelos mais carentes. Para isso, podem ser estimulados a promover obras de solidariedade na sociedade em que vivem. Por exemplo, junto com um amigo pode visitar a casa de repouso de idosos do bairro ou um orfanato, e levar doces ou tocar algum instrumento musical para alegrar por alguns momentos os que ali vivem; podem também promover na escola ou no bairro campanhas de doação de alimentos para famílias carentes. Ao filho ou filha de 4 a 6 anos, o pai pode animar a doar brinquedos que estejam em boas condições e não são mais utilizados, indo visitar com a criança alguma família carente do bairro, a fim de ofertar os brinquedos. Tais ações, além de evitar a indiferença e o egoísmo de pensar em si mesmos, construirá na alma dos filhos o desejo futuro de se empenharem na solução de tantos problemas sociais.

Texto de Ari Esteves. Imagem de Klrill Ozerov.

O Autor

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