
1 – Ler e escutar. 2 – O hábito de ler. 3 – Diante da enxurrada de livros.
Ler é essencial para ampliar horizontes, pois amadurece o caráter, faz compreender a complexidade da vida, desperta para a beleza do simples, aprofunda o pensamento… Escutar e ler são hábitos essenciais para ampliar o horizonte pessoal, pois os livros suprem a limitação humana ao trazer as experiências necessárias que não se possuem.
1 – Ler e escutar
Os meios da comunicação e entretenimento visual, as redes sociais e a publicidade disputam a atenção das pessoas, porque compreenderam que esse capital é o mais valioso para alavancarem os seus negócios. Quem não for esperto será constantemente interrompido para ter a sua atenção fragmentada pelo inútil, e isso empobrece e lança a pessoa para fora de si mesma, esvaziando-a de conteúdos significativos. Para fugir dessa maligna dispersão é preciso fazer escolhas firmes e decididas, como por exemplo, habituar-se às boas leituras.
Focar no que interessa é permitir que as realidades – livros, pessoas e acontecimentos – se tornem mais vivas dentro de si. A escuta e a leitura selecionadas tornam possível uma maior riqueza interior ao abandonar o que é frívolo e faz perder o tempo, tão limitado hoje em dia.
Ler e escutar o que vale a pena permite viver novas experiências, graças ao processo de interiorização que as realidades interessantes fornecem. Legere significa recolher, reunir o que interessa. Ler, mais do que reconhecer as palavras, é ser capaz de habitar dentro de si para buscar compreender as situações e as pessoas. A cultura humana cresce por meio dos que adotam este estilo de aptidão. A aceleração da vida e a multiplicação de tarefas dificultam as boas leituras e, assim, as semanas e os meses passam sem que se encontre tempo para curtir um bom livro. Daí a importância de saber defender um momento diário para ler, mesmo que sejam dez minutos. Por vezes o tempo falta porque não se sabe priorizar o que é mais importante. A decisão de ver menos noticiários e fugir de curiosear nas redes sociais fará encontrar preciosos minutos para enriquecer-se com boas leituras. O tempo para ler pode ser encontrado nos transportes públicos ao deixar de lado o excesso de músicas; tempos de espera e fins de semana propiciam bons momentos de leitura… Ter sempre um livro em mãos facilita encontrar tempo para ler, mesmo que sejam poucos minutos: a soma de momentos pequenos é como a irrigação gota a gota que faz a vegetação crescer com o passar dos dias e semanas, sem que se perceba no início.
2 – O hábito de ler
Quem não lê tem um mapa do mundo precário e limitado às parcas experiências pessoais, estacionando-se no elementar, e pouco contribuindo para o debate das ideias a fim de tornar melhor o mundo em que vive. A leitura bem escolhida – non legere, sed eligere, diz um adágio clássico – é uma das chaves para melhor compreender a vida e desenvolver uma mentalidade universal, não bairrista ou de panelinhas. A boa leitura amplia os horizontes pessoais e faz aprofundar no que é permanente, vivo e verdadeiro, fugindo da frivolidade.
Pedagogos e especialistas em educação de jovens ressaltam que é difícil alcançar hábitos de leitura se não foram adquiridos na infância. Constatam também que há diferenças significativas entre as crianças que leem e as que não leem: as que leem têm maior facilidade para se expressar, maior penetração de pensamento e de compreensão, melhor conhecimento próprio, gosto por estudar e riqueza imaginativa. As que focam a atenção em outras formas de entretenimento, como games e telas digitais, têm mais dificuldades para amadurecer, reduzida capacidade de compreensão e mente preguiçosa pela passividade de ficar diante de telas. A imaginação das crianças viciadas em celulares e tabletes é reduzida porque dependem dos estímulos das telas, que ao se apagar, apaga a memórias e a criatividade dessas crianças. Não se trata de fomentar a literatura à base de demonizar a televisão ou os videogames, mas de despertar para a fascinação e a riqueza das leituras, que podem oferecer muito mais.
Em cada família é importante que alguém exerça o papel de fomentador da leitura: o pai, a mãe, um irmão mais velho, um avô; pode-se também valer-se do trabalho de professores ou amigos que apreciam a leitura. Perceber a sensibilidade de um jovem leitor é importante para ajudá-lo a descobrir seu itinerário de leitura, seja por meio da literatura universal ou outros gêneros que correspondem à sua personalidade. Além do exemplo dos pais, será preciso sugerir ao adolescente que experimente o prazer da leitura, ao descobrir o gênero literário que mais gosta, mas sem cair no egoísmo de preferi-la para fugir do diálogo e da convivência com os demais.
São inesquecíveis as histórias contadas na infância, as leituras dos primeiros livros ou textos da história sagrada adaptados às crianças; como também não se apaga a lembrança daquele professor que revelou a beleza da poesia e dos contos, contagiando com seu entusiasmo.
As tecnologias digitais facilitam a proliferação de audiolivros para quem necessita passar horas ao volante, caminhando ou realizando trabalhos domésticos. As boas gravações de audiolivros relembram épocas passadas em que ao redor de um leitor se reunia um grupo de ouvintes, que se deliciava com a leitura.
3 – Diante da enxurrada de livros
A cada ano se editam milhares de livros no mundo. Além disso, a internet dá acesso gratuito a uma infinidade de textos. Diante de tantas possibilidades, e com a evidente limitação de tempo que a todos afeta, sempre será atual a consideração de São João Paulo II: “Sempre tive este dilema: o que devo ler? Buscava escolher aquilo que fosse mais essencial. A produção editorial é tão vasta! Nem todos os livros têm o mesmo valor e utilidade. É preciso saber escolher e pedir conselho a respeito do que merece ser lido”.
A leitura é um bom entretenimento para momentos de descanso. Há livros que educam e ao mesmo tempo divertem. Ninguém pode dizer que não gosta de ler, mas sim que não encontrou ainda o tipo de leitura que lhe poderia trazer mais prazer em ler. Não se trata de “ler muito”, mas de ler de acordo com a capacidade e as circunstâncias de cada um. É preciso identificar o gênero literário que mais agrade: filosófico, teológico, histórico, científico, contos, biografia, romance, ficção científica, crônica, etc. São tantos os enfoques literários e campos do saber que podem fazer a pessoa crescer por dentro, desde que tenha um pouco de paciência para encontra o tipo de leitura que mais lhe agrade.
Na hora de escolher um livro é importante ter em conta que muitas empresas de comunicação controlam os negócios editoriais e informam sobre as publicações suas publicações, em detrimento de livros talvez mais valiosos, porém editados por empresas menores ou com menos presença nos meios de comunicação. Por isso, não cair no engodo da valorização exagerada da última publicação da moda, ou do mais vendido, como se isso fosse garantia de qualidade. “Há livros dos quais a capa e a contracapa são de longe são as melhores”, escrevia ironicamente Charles Dickens. Querer estar sempre na última moda em termos de leitura fará escapar títulos mais importantes, inteligentes e criativos, que estão à espera nas boas estantes. Quem dispõe de pouco tempo para ler precisa escolher o que vale a pena, sem se deixar levar por anúncios publicitários.
Quem assistiu a um filme medíocre lamenta-se por ter perdido duas horas da sua vida. Já quem lê um livro que não agrada, encerra a leitura porque há muitos outros livros que talvez sejam mais interessantes. Mas quem chegou ao final da leitura de um bom livro enriqueceu-se interiormente. Zapear é o ato de mudar rápida e repetidamente de canal de televisão ou a frequência do rádio, de forma a encontrar algo interessante para ver ou ouvir. Com os livros pode acontecer o mesmo e esconder a impaciência, falta de firmeza ou capacidade de esforço para ir até o final da leitura que, por valer a pena, exige um pouco mais de esforço. Porém, zapear livros, principalmente por pessoas que afirmam não gostar de ler, permitirá que encontrem títulos que as farão desfrutar de uma leitura, para logo serem fisgadas pelos livros.
Ninguém está obrigado a ir até o final de um livro. Mas é bom dar ao autor a oportunidade de ganhar a atenção. Pode acontecer que a leitura de grandes clássicos custe mais porque há carência na formação literária. Então, deixa-se o livro descansando por mais um tempo na estante, e escolhe-se outro mais ameno. Certamente, uma vida inteira não seria suficiente para ler todos os bons livros que se gostaria, principalmente os clássicos. Por isso, é necessário a escolher as leituras, como quem escolhe as amizades: de Aristóteles a Shakespeare, de Cícero a Molière, de Dostoievski a Chesterton? O fato é que durante a leitura de um bom livro, tanto o autor como os personagens se tornam companheiros do leitor; e ao terminar o livro, bate a saudades de todos eles, que se tornaram-se amigos que ficaram em algum lugar.
Consulte a nossa página livros – https://www.ariesteves.com.br/livros/ -, com dezenas de sugestões de boas obras separadas por gênero literário.
Texto adaptado por Ari Esteves para o site www.ariesteves.com.br, com base no artigo “O que ler? Nosso mapa do mundo”, de Luis Ramoneda e Carlos Ayxelà, publicado em https://opusdei.org/pt-br/article/o-que-ler-i-nosso-mapa-do-mundo/. Imagem Canva..
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