
- Os jovens devem formar-se no espírito de trabalho. 2. Transmitir aos filhos o sentido de responsabilidade. 3. Adolescentes infantilizados. 4. Os filhos devem perceber as necessidades dos demais. 5. Tarefas no lar. 6. Fomentar virtudes e ideais grandes nos filhos. 7. Animar os filhos a serem generosos
Os jovens devem formar-se no espírito de trabalho
Adolescentes e jovens devem se formar num ambiente de laboriosidade e disciplina. A educação para o trabalho pressupõe a educação para o estudo, a fim de que os filhos exercitem a concentração, a disciplina, a ordem, a constância, o espírito de sacrifício, o sentido de responsabilidade e tantas outras virtudes necessárias para aproveitarem bem o tempo, e se tornarem profissionais de prestígio e prontos para servir com competência aos que necessitarem de seus serviços.
A virtude do trabalho ou da laboriosidade é básica e deve ser vivida desde as primeiras idades da criança por meio de diferentes rotinas familiares que vão educando os sentimentos e afetos por meio de virtudes ou bons hábitos: momentos de lazer e brincadeiras, realização de encargos apropriados à idade de cada filho; horários de estudo, leituras, refeições, dormir, acordar, entre outros.
Transmitir aos filhos o sentido de responsabilidade
Estimular os adolescentes para que percebam os talentos que possuem e não temam o sacrifício que comporta alcançar o ideal que sonham é tarefa dos pais, que devem fomentar neles um grande sentido de responsabilidade e ajudá-los a perceber a obrigação grave que têm de estudar e preparar-se bem para utilizar seus talentos ou qualidades humanas ao serviço dos demais. Com isso, fomentarão nos filhos as virtudes humanas que irão prepará-los para participar ativamente tanto vida familiar e social.
Todos nos condoemos ao ver tantas energias juvenis desperdiçadas, perdas de tempo em celulares e games, acrescidas da absoluta falta de perspectiva porque os pais não educaram para a laboriosidade, nem para ideais grandes. A juventude sempre está disposta a perseguir altos projetos, mas é preciso abrir horizontes a ela. Toda criança tem pensamentos de aventura, de ação, de triunfo, que devem ser canalizados não para metas egoístas, mas para realizar o bem a tantas pessoas necessitadas, primeiramente por meio da aplicação aos estudos.
Adolescentes infantilizados
Se ao iniciar o ensino médio o filho continua a ser irresponsável ao acomodar-se no confortável papel de quem não tem obrigações e nem se esforça para estudar seriamente, e não procura descobrir suas aptidões pessoais a fim de canalizá-las para uma profissão com a qual possa servir melhor, os pais não devem esperar que ele se tornará um jovem responsável e competente de repente, ou que o diploma consertará todos os vícios que desenvolveu. Se o adolescente se abandona aos caprichos, se transforma em terreno inculto onde crescem espinhos e abrolhos.
Muitos adolescentes de quinze e dezesseis anos, ainda infantilizados e preguiçosos, mal sabem escrever com letra cursiva (utilizam a letra de forma, o que indica um analfabetismo funcional) e ficam travados ao desenvolver uma simples redação de dez linhas sobre a família ou o que fazem no dia a dia. Isso revela que o vício de gastar horas e horas diariamente no celular os cegam para estabelecer metas diárias de leitura e estudo, a fim de se prepararem para os exames do Enem, e malbarateiam o seu tempo jogando-o no ralo. Com a desculpa de que não sabem o curso ou faculdade que pretendem fazer, anestesiam a consciência e permanecem passivos, ociosos, e utilizam a internet para perder tempo em redes sociais, vídeos e jogos, e não buscam nela informações e respostas sobre como descobrir suas aptidões por meio de testes vocacionais ou lives sobre as diferentes profissões, com o objetivo de se planejarem para enfrentar as concorridas escolas públicas.
Os filhos devem perceber as necessidades dos demais
Na encíclica “Fratelli tutti” (todos irmãos), o Papa Francisco lembra a passagem evangélica do Bom Samaritano, e diz: “existem simplesmente dois tipos de pessoas: aquelas que cuidam do sofrimento e aquelas que passam ao largo; aquelas que se debruçam sobre o caído e o reconhecem necessitado de ajuda e aquelas que olham distraídas e aceleram o passo. De fato, caem as nossas múltiplas máscaras, os nossos rótulos e os nossos disfarces: é a hora da verdade. Debruçamo-nos para tocar e cuidar das feridas dos outros? Abaixamo-nos para levar às costas o outro? Este é o desafio atual, de que não devemos ter medo” (FT, 70).
Os filhos devem ter motor próprio e perceber as necessidades dos demais tanto na vida familiar como nos ambientes que participam, como o escolar ou entre os amigos. Não deve ser necessário que a mãe peça ao adolescente que limpe o quintal e recolha a sujeira que o cachorro deixou, nem que mantenha em ordem seus objetos pessoais ou colabore nos demais serviços do lar. Um filho sensível, consciente de suas obrigações, faz tudo isso sem que lhe peçam, pois se sente movido pelo amor, que deve se manifestar primeiramente em obras de serviço aos seus pais e irmãos. Há comportamentos que revelam solidariedade ao dar o próprio tempo aos demais.
Perceber e agradecer o esforço que na família as pessoas fazem ao utilizar a máquina de lavar, fazer compras, limpar, cuidar de um doente, preparar as refeições, pôr e tirar a mesa… Muitas atividades devem ser gerenciadas para que no lar tudo discorra bem. Se um filho se concentra apenas em assuntos pessoais e não se envolve nessas tarefas, nunca aprenderá a trabalhar bem, pois o trabalho é sempre um serviço aos demais e não uma atividade para ser servido por todos.
Tarefas no lar
Diversas mães sugerem serviços domésticos que podem ser atribuídos aos filhos nas diferentes faixas etárias (https://www.ariesteves.com.br/tarefas-para-criancas/). Isso ajudará a incutir nas crianças o espírito de serviço e de prontidão, tornando-as solidárias e participantes na construção de um lar alegre, limpo, ordenado, onde todos se sentem bem. Sem essas atribuições, cria-se nos filhos um espírito de mera hospedagem e a ideia errada de que são apenas sujeitos de direitos e não de obrigações, e com isso se transformam em senhores feudais e seus pais em meros servos.
Fomentar virtudes e ideais grandes nos filhos
A felicidade é um dom do amor, e esse dom exige sair de si para doar-se. Os filhos, desde a adolescência, devem concluir que receberam gratuitamente de Deus as qualidades pessoais que possuem para colocá-las ao serviço dos demais. Com isso, tornam-se capazes de buscar ideais grandes que os faça transcender-se, e não estacionar comodamente numa vida raquítica e cômoda.
Manter uma vida frívola é sempre algo perigoso. Advertir os filhos do risco de se conformar com metas estritamente pessoais, egoístas ou fechadas em si mesmas: encerrar-se no próprio eu é algo mesquinho, estreito, que empequenece a alma. O trabalho de formação dos pais deve aproximar os filhos da fé, do encontro com Cristo, a fim de que não trabalhem em vão e com estreita visão humana, tendo como únicos objetivos ficar rico, ter poder, status, pois são ideais que encerram a pessoa no egoísmo, que é fonte de infelicidade, além de que uma esperança humana, puramente humana, carece de fundamento. A pessoa que vive com perspectivas estreitas, que não possui interesse por qualquer coisa que não seja o seu prazer e divertimentos, nunca compreenderá o verdadeiro sentido do amor e da felicidade, e terá as pessoas apenas como degraus para os seus interesses.
Animar os filhos a serem generosos
Quem ama não sabe calcular, diz o ditado. A alegria de servir traz a experiência de que um trabalho que parecia incômodo se transforma em gratificante, pois passa a ser desejado como um bem ao próximo. Os pais devem fomentar nos filhos ambições nobres, animando-os a levar uma vida mais generosa, e a ter no coração desejos de servir aos demais com suas qualidades: ser sábios, generosos e audazes sem temer os sacrifícios de realizar o sonho de tornar feliz a vida dos demais. Assim, os filhos se animarão em preparar-se para dar soluções aos problemas que afetam tantas vidas.
Aproveitar para ler os boletins “A disciplina familiar” e “A rotina na vida das crianças“
Texto de Ari Esteves inspirado no artigo “Educar para a laboriosidade”, de Carlos Roberto Pegoretti Júnior, Diário do Grande ABC, 23-08-2021. Imagem de Aguida Medeiros (@aguidamedeiro).
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