Um médico cura pessoas, um mecânico conserta carros, um cozinheiro prepara bons pratos, um estudante estuda. O que diríamos de um jogador de futebol que não se esforçasse nos jogos? O estudo é a profissão do estudante, e qualquer ação humana requer esforço. Trata-se de conseguir que os adolescentes consigam progressivamente hábitos de estudo e de trabalho intensos. Que aprendam a estudar cuidando os detalhes, acabando bem as tarefas, pois assim irão crescer em virtudes como a da fortaleza, ordem, espírito de serviço, sentido de responsabilidade, capacidade de compreensão, domínio do temperamento. Além disso, irão melhorar a preparação acadêmica nas diferentes instituições de ensino que frequentarem ao longo dos anos.
O estudo, que é o trabalho do adolescente, deve ser bem-feito. A leitura do boletim Ensinar o adolescente a trabalhar bem ajudará a compreender a importância desse aspecto para toda a vida. Convém colocar especial ênfase no estudo e no esforço para a aprendizagem, pois atualmente é frequente que no ensino básico as instituições se fixem em habilidades plásticas, capacidades motoras e outras habilidades, em detrimento do esforço para disciplinar-se a fim de estudar com intensidade. Muitas vezes os alunos acreditam que rendem satisfatoriamente ocupando-se em diversas atividades acadêmicas, mas sem dedicar-se suficientemente ao estudo propriamente dito, com o conseguinte prejuízo para a inteligência, memória e fortalecimento da vontade. O estudo é o fator mais importante para um alto desenvolvimento intelectual e para crescer na capacidade de trabalho e espírito de sacrifício necessários para conseguir qualquer ideal grande que exija esforço.
As conversas individuais com o filho é o principal meio para a criação de hábitos de estudo. Quando são pequenos ainda não percebem com objetividade a capacidade de rendimento que possuem. Então, é preciso ajudar a cada um para que aprenda avaliar seu rendimento no estudo. Colocar metas altas a cada filho e insistir para que melhorem suas qualificações acadêmicas. É frequente encontrar adolescentes que fogem do esforço, pois tornaram-se passivos e com a mente preguiçosa devido ao excesso de televisão e outras telas digitais. Um ambiente familiar sem rotinas ou horários de refeições, estudo, lazer, encargos, revela a escassa exigência dos pais.
É necessário insistir com cada filho para que tenha um horário de estudo, e o cumpra diária e pontualmente, e só depois sairá para brincar ou praticar esporte. Convém dispor em casa de um ambiente para o estudo: uma mesa com boa iluminação, cadeira confortável, postura, silêncio na casa enquanto a criança estuda, não levantar-se até terminar o estudo, concentrar a imaginação no estudo…
Hoje, dado que home office está estendido, ensinar os filhos a respeitarem o trabalho alheio ao fazer silêncio, não interrompendo, etc., pois isso facilitará que compreendam a importância de ter um horário de estudo.
Alguns cuidados a se ter presente:
–Falta de dedicação ao estudo: por vezes emprega-se o tempo em outras atividades escolares que não exigem propriamente concentração e estudo. Nem toda atividade escolar pode ser chamada de estudo, por mais ativa que seja, mas que exige pouca concentração, facilitando a preguiça mental. Isso pode passar inadvertido, mas as consequências se manifestarão mais adiante, dando lugar a sérias dificuldades para estudar, mesmo que se alegue que “trabalharam muito”, pois na realidade mexeram-se muito.
–Falta de rijeza no estudo: adotar posturas cômodas, mas inadequadas para o estudo, é um prejuízo. Há adolescentes que estudam tombado sobre a mesa, sofá ou almofada; fazem diversas interrupções para ir até a geladeira ou levantam-se constantemente porque não colocam sobre a mesa todo o material que devem utilizar; o ambiente da casa também pode não colaborar para o estudo (música, tv ligada, etc…). Não se estuda ouvindo música: se um executivo precisa estudar um assunto com profundidade para tomar uma decisão, certamente não ficará ouvindo música para se distrair ou descansar.
–Repartir o tempo de estudo: deve-se adequar o tempo de estudo de acordo com a dificuldade de cada disciplina. É comum dedicar mais tempo às matérias que gostam ou que requerem menos esforço, e dedicar menos tempo às disciplinas mais árduas. Isso se percebe quando ocorrem contrates nas qualificações: notas altas em algumas disciplinas e muito baixas em outras. A desculpa para essa falta de retidão ou preguiça para estudar é afirmar que se dão bem com algumas matérias e com outras não. Com tal desculpa não crescerão em fortaleza e maturidade para superar muitos problemas que a vida trará, pois não souberam se esforçar. Anotar na sala de aula as lições a serem estudadas em casa ajuda a ser mais ordenado e a aproveitar melhor o tempo.
–Falta de esforço mental: com facilidade podem acostumar-se a que lhes deem tudo feito, mastigado: copiar trabalhos, fugir das somas mentais elementares ao utilizar calculadoras, copiar material pronto colhido na internet (inteligência artificial), etc. Com tais atitudes é previsível que o mesmo venha a ocorrer na realização de outras tarefas, pois apenas enfrentam o que conseguem fazer sem esforço. Com isso, se enfraquecerão para o trabalho sério, e não conseguirão atuar profissionalmente em equipes que exijam mais empenho e iniciativas, seja na universidade ou em empresas.
–Emprego irregular e desordenado do tempo: falta de horário, muita improvisação, afobamentos para entregar tarefas no último momento do prazo estabelecido, grandes esforços para estudar na véspera de exames… Tudo porque faltou fortaleza para fazer o que deveria ser feito em cada dia, deixando-se levar pelo mais cômodo: vídeos, jogos, brincadeiras, etc. Os pais devem ajudar os filhos a serem mais responsáveis, com diálogos que lhes apresentem motivos fortes para perceber que deixar-se levar pelo mais prazenteiro enfraquece o caráter e os tornam moles como churros, e “com churros não se pode fazer alavanca”, diz o ditado. É importante tentar estudar sempre na mesma hora para criar o hábito.
–Hábitos intelectuais: junto com o estudo pode-se incluir a formação de hábitos intelectuais e culturais. A capacidade crítica diante das informações que recebem, seja pelos meios de comunicação ou pela escola, quando propõem como hipóteses científicas indiscutíveis, explicações por vezes erradas sobre a origem da vida, natureza humana, sexualidade, família, casamento… Desenvolver um sadio espírito crítico os fará identificar também que alguns temas humanísticos são de livre opinião, e que seus mestres não podem propô-los como indiscutíveis.
–Formação cultural: em primeiro lugar está o fomento à leitura de bons livros, adaptados à idade e aptidões de cada adolescente, principalmente nos fins de semana e períodos e férias. Oferecer bons argumentos que estimulem as leituras, em troca de telas digitais: sugerimos a leitura dos seguintes boletins Filhos que não gostam de ler e Menos telas digitais e mais livros. Também se pode animar para o aprendizado de habilidades práticas, como aprender a tocar um instrumento musical, fotografia, falar em público, dominar outro idioma, acompanhar as notícias importantes de cada momento, visitar museus e exposições…