Emotividade: o apático e o amorfo

1 – Temperamento apático. 2 – Temperamento amorfo

1 – Temperamento apático

    O apático é não emotivo, não ativo e secundário. Seu ânimo é constante, tem sentido de honra e certa dignidade na maneira de ser. É sincero, honesto, discreto e digno de confiança. Aprecia a solidão. Pode ser um bom conselheiro, quando maduro. É tranquilo, pacífico e normalmente não importuna ninguém.

    Defeitos do apático: é insensível, pois carece do estímulo da emotividade, e sua atividade é baixa, sendo seu traço dominante a tranquilidade acompanhada de frieza e vazio interior. Costuma ter inércia mental para pensar, agir e falar (tem longos períodos de silêncio). Sem força psicológica, seus pensamentos tendem a ser banais, negativos e presos ao passado. Preso às rotinas, tem horror à novidade e se deixa vencer pela preguiça. Costuma ser independente, diverte-se pouco e não costuma interessar-se por si mesmo, nem pelos amigos. Tende a ser egoísta, de mau gênio, irritadiço, pessimista e sensual. Possui, junto com o amorfo, poucas aptidões. Sua inteligência não abstrai e nem extrai o essencial; o pensamento é incoerente, pobre de ideia e de relações lógicas. Sua infância é sem vigor, e quando estudante, não se interessa pelas atividades escolares, sendo que a falta de esforço o faz ter resultados baixos. Alguns apáticos encerram-se demasiadamente em si mesmos e chegam a ser melancólicos, taciturnos e invejosos.

    Modo de tratar o apático: ter afeto, paciência, constância e firmeza com ele, a fim de ajudá-lo a sair de si e voltar-se aos demais. Como seu basal é a tranquilidade, desenvolver nele a emotividade e a atividade para ganhar gosto pela ação e sair da inércia. Tirá-lo da rotina e do automatismo, fazendo-o ter um comportamento autônomo e deliberado. Dar um sentido de missão para sua vida, que costuma ser triste e vazia, ao utilizar com ele métodos ativos e procedimentos estimulantes, carregados de valores ou modelos de conduta. Integrá-lo a um meio social compreensível, vivificante, de trabalhos em equipe, e fomentar nele as virtudes da sociabilidade, generosidade e espírito de serviço. Elevar suas aspirações e ensiná-lo a superar suas debilidades e sentir satisfação pelos êxitos alcançados. Fazê-lo perceber a satisfação que dá o cumprimento do dever. Animá-lo a descobrir a Deus nos demais e a ter sentimentos de compaixão pelos que sofrem.

    Quando estudante, rodeá-lo de um ambiente familiar disciplinado, caloroso e que o estimule ao trabalho e estudo; propor-lhe metas com dificuldades progressivas e verificar se cumpriu os trabalhos escolares, pois sendo inativo poderá deixar de fazê-los. Um companheiro da mesma idade poderá incentivá-lo a cumprir as metas a que se propõe. Um rosto alegre é o melhor jeito de ganhá-lo, pois o levará a ter confiança e simpatia pelo educador, pois deseja ser orientado. Não costuma doer-se de suas faltas, tornando-se necessário ajudá-lo a conscientizar-se da importância de viver a caridade com todos.

2 – Temperamento amorfo

    O amorfo é não-emotivo, não ativo e primário. É obediente, calmo, objetivo, tranquilo e tolerante. Em geral, seus juízos são equilibrados. Aceita com gosto a convivência e as brincadeiras que lhe fazem, e não faz dano a ninguém. Costuma ser equilibrado e adaptável a qualquer meio.

    Defeitos do amorfo: aparenta ser dócil, mas trata-se mais de passividade. Acomoda-se facilmente e não aprecia planos para o futuro, nem resultados a longo prazo, além de não almejar grandes ideais. Passivo, irresponsável e sem espírito de serviço, é visivelmente preguiçoso, desordenado e deixa as coisas para acabá-las apressadamente e à última hora. É frio, pouco cuidadoso com seu asseio, impontual e inclinado aos prazeres sensuais. Predisposto ao desalento e à melancolia, seu caráter é sombrio. Pode ganhar o vício dos jogos de azar, e cede facilmente ao ambiente e ao que é fácil de fazer. Carece de fervor religioso. Não é mau, mas sim egoísta, e não sente necessidade de ser amado nem de amar e servir aos demais. Pouco generoso, não se interessa pelos amigos. Oportunista, aproveita-se dos demais para fugir das responsabilidades. Costuma ser comilão e com grande atração pela cama. O amorfo paranervoso é o mais preguiçoso dos amorfos, sendo necessário ajudá-lo mais a abandonar esse vício. Os para sanguíneos não aceitam a pecha de preguiçoso, pois cumprem os trabalhos que lhes são exigidos – e não mais do que isso – por uma autoridade competente (se abandonados a si mesmo pouco fariam).

    Modos de tratar o amorfo: como ele aceita os conselhos e necessita de uma clara e firme autoridade, o educador deve ter caráter e virtude para alcançar-lhe o coração, e falar de modo concreto e claro, indo ao fundamental para não confundi-lo. Sem gosto pela ação, o amorfo terá mais êxito em trabalhos que exijam paciência e pouca imaginação. Propor-lhe metas fáceis, não tudo de uma vez, e ir alentando-o pouco a pouco, e fazendo-o perceber que seu êxito se dará por meio de pequenos passos que modifiquem suas disposições inatas à inatividade, à negligência e à tendência de atrasar as coisas. Ao gostar de esportes coletivos – mas não de ginástica –, e a fim de que ganhe gosto pelo esforço continuado, animá-lo a melhorar a performance da prática que aprecia. Como se deixa influenciar pelo ambiente (família, escola, amigos), é importante que este lhe ofereça exemplo de energia, pontualidade, entusiasmo e ação. Deve lutar contra a falta de exatidão verbal, contra a tendência a debochar, de pedir emprestado e de pouca pontualidade aos compromissos. Sugerir-lhe fazer cada dia algo pelos amigos, e a colaborar para o bem de pessoas necessitadas. Não deixá-lo isolado: para alcançar metas de trabalho poderá fazer parte de alguma equipe, pois saberá cumprir sua meta, já que tem receio de críticas ou reprovações. Inadaptado, é preciso adquirir o hábito de se interessar e esforçar-se por algo. Fazê-lo ganhar hábitos de limpeza e ordem; disciplinar seu sono e refeições.

Texto adaptado por Ari Esteves com base no livro “Guía práctica de caracterologia”, de José Gay Bochaca, Ediciones Internacionales Univertarias, Madri. Sugestão de leitura: “Conheça o seu filho”, de Anna Maria Costa, Editora Quadrante, São Paulo. Imagem de Pixabay.

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