Família. Valores. Virtudes

1 – Direcionamos a vida pelos valores que assumimos. 2 – A família é a primeira escola de valores. 3 – A boa literatura transmite valores. 4 – Há pessoas que são modelos a seguir.

1 – Direcionamos a vida pelos valores que assumimos

    Os pais devem viver e ensinar os valores que acreditam. Valores são modelos de conduta adotados para orientar a vida; são como raios de luz que fazem parte de uma Verdade maior, disse Gustavo Villapalos, em sua obra “El libro de los valores”. Há quem identifique valores com virtudes, pois quando interiorizados se tornam bússolas que apontam o caminho para orientar a vontade até o bem. As virtudes estão relacionadas à excelência da conduta, ao exercício de bons atos que geram hábitos racionais queridos pela vontade. Os valores se assentam em verdades que acreditamos e pelas quais direcionamos a vida. Quem possui valores sabe por onde se conduzir, e o faz ajudado pelas virtudes que possui. Quem se afasta de seus valores e virtudes, talvez por aceitar um movimento passional desordenado, logo sente o desagrado pela ação praticada e retorna o quanto antes para o que tem como correto. As virtudes e os valores cultivados não desaparecem por causa de um ato irrazoável: o tropeço produz um descontentamento que servirá como lição.

    Ao pensar na importância da transmissão de valores, percebe-se que não basta preocupar-se com o alimento, vestuário, descanso e abrigo. No caso das crianças, ao lhes transmitir a vida, os pais se tornam os protagonistas da educação delas, e se obrigam a instrui-las em valores e virtudes para colocá-las em condições de enfrentar a vida. As catástrofes sociais veiculadas pela mídia, onde empresários, políticos, funcionários públicos e de empresas privadas se corrompem pelo dinheiro, ou adolescentes que enveredam para o crime como forma de enriquecer-se rapidamente, o fazem porque não assumiram valores, mas apenas antivalores.

    Cultivados inicialmente no lar, os valores se fixam de forma inapagável, forjam caráter e ajudam a discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, entre o verdadeiro e o falso. Há quem age por valores primários: comer, beber, divertir-se; outros, pela beleza física, fama, poder, dinheiro, cultura, família, religião, etc. A pergunta sobre valores ou modelos que adotamos tem sentido, pois tendemos a direcionar a vida por eles: sem valores uma pessoa fica como um barco sem leme que segue qualquer vento. Examinar sobre os valores que regem a própria vida, e os que se desejam para os filhos, é necessário para não edificar sobre bases que conduzem ao fracasso da personalidade.

2 – A família é a primeira escola de valores

    A família é a primeira escola de valores porque sua influência, sendo a mais profunda, marca a pessoa por toda a vida, tanto para o bem quanto para o mal, dependendo da qualidade educativa oferecida. O que se faz ou se deixa de fazer na infância influirá no modo de como os filhos agirão vida afora. Na convivência familiar encontram-se as melhores oportunidades de promoção dos valores considerados mais importantes e decisivos para os filhos orientarem-se na vida.

    O clima de informalidade da vida familiar é o mais adequado para tratar de questões profundas por meio de conversas descontraídas e oportunas, onde os pais revelam aos filhos os valores que acreditam, e alertam com explicações convincentes sobre o perigo dos antivalores como as drogas, a sexualidade fora do casamento, a pornografia na internet, a perda de tempo em redes sociais ou games. Ao dar exemplo e corrigirem os pequenos desvios de rota das crianças, os pais ensinam valores e virtudes. Ensinar às crianças o sentido de responsabilidade implica que vivam virtudes como a ordem (autodisciplina) para cumprir horários de refeição, dormir e acordar; de chegar pontualmente à escola, de fazer as lições e os encargos familiares… O valor da honestidade, da incorruptibilidade, tem início ao ensinar o filho a não retirar escondido uns trocados da bolsa da mãe para comprar doces, ou ao fazer que devolva o brinquedo que surrupiou do amigo. Ter como valor a leveza e a soltura do desprendimento dos bens materiais, e para não ser vítima da publicidade, exige crescer na virtude da temperança ou sobriedade… Para dar valor à palavra dada é necessário fortaleza para assumir as próprias responsabilidades…

    Muitos pais se contentam em exigir do filho que tire boas notas na escola. Será que é esse o papel dos pais? A vida acadêmica é só um aspecto da formação humana, sendo necessário oferecer uma formação integral, que envolva o crescimento em valores e virtudes… Quem não foi educado para ser fiel, desprendido, para dar valor à honra, a ser honesto, facilmente se corromperá pelo dinheiro ou por outras desordens passionais. Se apenas foi exigido que tirasse boas notas para entrar na sonhada faculdade, resta torcer para que o tempo e a sorte ofereçam uma boa oportunidade profissional ao filho, e este corresponda com as qualidades humanas que terá que desenvolver sozinho, a fim de ser não apenas um profissional, mas uma pessoa de caráter bem formado, amigo, solidário, que sabe trabalhar em equipe (virtudes fundamentais para um bom profissional).

3 – A boa literatura transmite valores

    Um outro modo de transmitir valores aos filhos são as narrativas: romances, novelas, contos, biografias. Por isso, é importante que os pais selecionem boas obras, pois elas materializam modelos de condutas: para compreender o que é o valor da palavra dada, da fidelidade entre marido e mulher, basta ler aos filhos a “Odisseia”, de Homero, onde Ulisses e Penélope protagonizam esse valor; ou “Romeu e Julieta”, de Shakespeare; ou “Os noivos”, de Manzoni. Em “Pinóquio”, de Carlo Collodi, vemos como a mentira desfigura não só o corpo do garoto, ao fazer crescer seu nariz, mas também sua alma, pois deixou de amar aqueles que o amavam (o Gepeto, a fada madrinha), a fim de seguir os conselhos do bando de falsos amigos da rua; fugiu da escola e dos livros… Contar histórias é melhor que discursos teóricos, seja para configuração moral da vida de uma pessoa ou de um povo. Selecionar, assistir e comentar filmes baseados em bons roteiros também é modo de transmitir valores aos filhos.

    Hoje, os grandes narradores são o cinema, a televisão, as mídias, os videogames, a publicidade, que podem manipular por meio de narrativas que apresentam falsos valores como o sucesso, o poder, o dinheiro à custa de valores maiores. Nada disso certamente é o tipo de comportamento que os pais querem para os seus filhos. Atualmente, muitos adolescentes buscam os valores veiculados pelas mídias, e mesmo sem ter nada a oferecer, e desconhecendo suas reais capacidades ou qualidades, com as quais poderia servir melhor aos demais, desejam o quanto antes se lançar como youtubers ou sonham em ser estrelas do futebol, atrizes ou atores de novelas, pois julgam ser a fama sinônimo de vida feliz. Escolher modelos de sucesso a qualquer preço é deixar-se massificar e permitir que outros decidam por si.

4 – Há pessoas que são modelos a seguir

    Os valores mais apreciados não são os teóricos, mas os reais, imitáveis e assumidos por pessoas que se tem como modelos. É algo muito humano ter modelos, mas é preciso acertar e não errar na escolha. Mesmo em tempo de crise de valores, como atualmente, encontramos na família, nas relações profissionais e sociais indivíduos que personificam um ideal de excelência humana porque na história deles há fatos edificantes: um casal que completa 30, 40 ou 50 anos de casamento transmite valores que devem ser imitado: sobre o significado do verdadeiro amor, e de que o casamento é para sempre, sendo que para alcançar esses valores faz-se necessário crescer em virtudes como fidelidade, perseverança, generosidade, esquecimento próprio, entre outras. Exemplos de outros valores vemos em colegas de trabalho que não aceitam suborno; casais que levam adiante um lar com vários filhos, pois veem a família como valor fundamental… Modelo maior de valores assumidos e de virtudes praticadas é Jesus Cristo: basta ler sua biografia, que são os quatro Evangelhos, para admirar e se sentir convidado a imitá-Lo.

Texto produzido por Ari Esteves. Imagem de Victoria Borodinova.

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